sexta-feira, outubro 21, 2011




Não te esqueças que sempre que apontas um dedo, tens pelo menos três virados paraTI!

domingo, outubro 16, 2011

Estava sentada na praia junto à água. Os seus pequenos pés eram intermitentemente molhados pelas ondas meigas que iam e vinham como o migrar das andorinhas. Fechara os olhos há mais de meia hora e não fazia intenções de os abrir. Respirava devagar deixando a maresia entranhar-se pelo seu nariz saboreando cada inspiração. Praticantes de jogging, banhistas, nadadores-salvadores e passeadores de cães passavam frequentemente por si, não ficavam. Embora com os olhos fechados ela sabia disso, sabia que era vista e conseguia ver. No entanto ela não estava ali, estava noutro sitio qualquer. Embalada pelo som e pelo cheiro estava algures onde podia viver sem medo de dizer o que sentia, o que pensava, o que vivia. Estava num sitio onde não tinha que ser comedida e onde ninguém lhe apontava o dedo pelas circunstâncias que a transformavam. Era um mundo restrito, poucos lhe davam a mão...mas que tão bem sabia! Estava precisamente onde queria, não mais, não menos.
Partilhava aquele paraíso com pessoas diferentes, com personalidades extremas que algumas vezes colidiam. No entanto viver ali era mais do que isso, era mais profundo. Viver ali, naquele mundo alimentado pela maresia, pelo som do mar e pela frescura da água nos pés era isso mesmo, um mundo de emoções. O núcleo integro de cada individualidade tal como as suas intenções era o bem mais precioso. Era um valor escondido pelas camadas duras e enferrujadas criadas pelo tempo e pelas adversidades mas que depois de escavadas tão bom era de saborear.