segunda-feira, agosto 06, 2012

1 - Um pequeno grande caos!

         Estava sentado no quarto com os pés em cima da secretária. Com um cigarro numa mão, uma cerveja na outra, escorregava preguiçosamente pela cadeira. Não era a primeira cerveja, nem sequer a segunda e as latas amontoavam-se em pilha pela mesa. Ainda em boxers, cumpria este ritual pelas manhãs que não eram manhãs mas o momento em que se cansava de estar na cama.
          Deitada, uma de tantas mulheres disponíveis a provar o seu apetite sexual. Procuravam nele o contorno dos seus ombros e abdominais. Não sabiam o seu nome, idade ou história pessoal. Não interessava.
          Os seus olhos estavam vazios, sem vida. Viajava à velocidade da luz fora do corpo, viagem ligeiramente interrompida por largos golos de cerveja e profundas inalações de fumo.
          O quarto reflectia a vida em que tinha mergulhado. As latas de cerveja eram movimentadas apenas para encontrar espaço para uma homónima já vazia. No chão, as cinzas tinham já ligeiramente criado uma fina película em seu redor misturando-se com o pó do soalho. A roupa suja amontoava-se por qualquer canto do quarto misturando-se muitas vezes com roupa lavada mas engelhada fruto da falta de cuidado com os seus bens. As paredes, inicialmente pintadas de branco, eram já um misto de humidade, buracos e uma ou outra aranha que consigo dividia a casa. O seu quarto seria sem duvida um modelo perfeito da teoria do caos, onde ele estava no centro e nada parecia importar.
          O seu nome? Anthony. A figura principal da sua própria existência.
                                                                         ...